Acabando de vez com os problemas de sedimentabilidade do lodo

Acabando de vez com os problemas de sedimentabilidade do lodo

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Tenha certeza de uma coisa, para qualquer observação, desafio ou problema, existem causas prováveis e medidas corretivas.

Na identificação de um problema, a observação visual do processo de tratamento é essencial e a capacidade de resolução vital.

As observações do teste de sedimentabilidade do lodo diz e muito a respeito da condução do tratamento, mas é importante saber interpretar esse teste que é rápido e simples.

Indícios de que pode haver um problema vão desde uma sedimentabilidade “nebulosa”, cinzas no sobrenadante ou uma porção do lodo flutuando no seu decantômetro ou proveta.

Para entender o que se passa e agir rapidamente elaboramos um guia sobre o teste de sedimentabilidade, confira no nesse artigo.

Problemas de sedimentabilidade do lodo | Acquasolution Consultoria Ambiental

No sistema de lodo ativado, os decantadores secundários atuam na separação de sólidos em suspensão e no seu adensamento.

Para determinar a eficiência de remoção e obter os parâmetros de dimensionamento, devem se considerar as velocidades de sedimentação presentes no sistema.

Tal procedimento é efetuado através de testes em colunas de sedimentação, avaliando a evolução da interface lodo/esgoto (menisco) em diferentes intervalos de tempo.

Para isso é tomada uma amostra do licor misto em um bom ponto de mistura do tanque de aeração para proceder ao teste, no entanto o teste conhecido como “cone” para muitos ou teste de sedimentabilidade do lodo para outros, é muitas vezes analisado de forma bastante simplista, uma leitura após 30 minutos de repouso, anotando-se o valor e ponto final!

Nada além de um número e tão somente um número para preencher uma planilha.

O que muitos não sabem é que esse simples teste, de suma importância para controle do processo, indica muito mais que um simples número, o comportamento do lodo no cone, na proveta ou decantômetro vai além disso, para ilustrar, a figura abaixo nos mostra alguns comportamentos mais comuns no dia a dia operacional, veja:

Problemas de Sedimentabilidade do Lodo | Acquasolution Consultoria Ambiental

Perceba que é possível visualizar o esperado lodo de boa qualidade (boa sedimentabilidade) com a interface sólido/líquido bem definida até outros comportamentos não desejáveis.

Sedimentabilidade precária

Caracteriza-se por um lodo expansivo com baixa sedimentabilidade, no entanto com sobrenadante límpido, em situações assim podemos estar diante do que conhecemos como bulking filamentoso, vale uma investigação microscópica do lodo afim de identificar o tipo de filamento.

Isso pode nos levar a informações complementares como deficiência de OD (oxigênio dissolvido) ou de nutrientes (N, P) e pH fora da faixa operacional.

Caso não se observe filamentosas, podemos estar diante de um alto A/M ou OD (nesses casos OD acima de 3,0 mg/L).

Cinzas no sobrenadante

Forma-se na superfície do decantador secundário uma fina camada de partículas com aparência de cinzas que flutuam.

Algumas causas prováveis são início da denitrificação ocorrendo no decantador secundário (caso visualize bolhas finas) e/ou aumento de material graxo no licor misto.

Pin point

 Pequenas e densas partículas suspensas no decantador secundário são problemas frequentes em plantas que operam com aeração prolongada, é relatado em condição de lodo velho (IL elevada) onde a sedimentação é rápida, mas com características de má floculação deixando o efluente clarificado com alta turbidez.

Assim podemos estar diante de situações como superoxidação do lodo, oxigenação ou turbulência excessiva.

Caso as partículas apresentem aspecto “fofo” caracteriza-se A/M elevado ou choque de carga.

Nebuloso

Esse aspecto de sedimentabilidade precária com sobrenadante nebuloso via de regra se dá em períodos onde a concentração de sólidos suspenso está elevada, a investigação microscópica pode auxiliar no diagnóstico, a presença ou não de protozoários e seu comportamento sinalizam possibilidade de carga tóxica recente caso estejam inativos,  se não há presença destes podemos estar diante de uma sobrecarga orgânica e baixo OD (oxigênio dissolvido).

Mas caso tenhamos protozoários ativos e floco disperso devemos investigar turbulência ou aeração excessiva, talvez isso possa estar cisalhando seu floco.

Desnitrificação

Quando o lodo sedimenta inicialmente no tempo de 30 minutos e então flota ou sobe a superfície depois de uma ou duas horas, indica que há ocorrência de denitrificação no decantador secundário, ou seja, o nitrato está sendo reduzido a gás nitrogênio e as bolhas formadas fazem com que o lodo suba a superfície do decantador e então passam pelo vertedor periférico provocando um descarte involuntário do lodo no processo.

Causas prováveis incluem a operação da planta em faixa de A/M muito baixa, o tempo de detenção do lodo no decantador secundário está elevado.

O aumento da temperatura acima da normalidade aumenta a atividade microbiológica causando a queda abrupta do oxigênio dissolvido no decantador e consequentemente aumentado a possibilidade de denitrificação.

É muito importante que tenhamos uma visão sistêmica do processo, as análises clássicas de rotina aliadas a microscopia do lodo, vistoria bem feita na área (pessoal atento as tendências e alterações do processo), manutenção do sistema em dia, um bom plano de monitoramento e time capacitado, a estabilidade e o padrão de excelência operacional são possíveis e isso não é um “bicho de sete cabeças”.

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